terça-feira

Entrevista sobre As Alterações Climáticas

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Entrevista a José Rodrigues dos Santos
Alterações Climáticas - um desafio à nossa sobrevivência

Quercus Ambiente -Qual é a relação que mantém com o ambiente? Considera-se uma pessoa preocupada com o tema? É-o há muito tempo, ou despertou para o tema mais recentemente?

José Rodrigues dos Santos - A minha preocupação com o ambiente é a de um cidadão normal. Nem mais, nem menos.

QA - Como descreveria a forma como as questões ambientais foram sendo abordadas pelos meios de comunicação ao longo das últimas duas décadas? Consegue identificar tendências claras?

JRS - Penso que os meios de comunicação têm dado crescente atenção aos problemas ambientais, reflectindo uma maior sensibilidade do público para o assunto.

QA - Como vê o papel dos meios de comunicação na promoção de uma cidadania ambiental?

JRS - Parece-me fundamental.

QA - É comum a BBC apresentar excelentes documentários sobre questões ambientais em horário nobre. Acha que seria possível uma situação idêntica nas televisões portuguesas?

JRS - Neste momento, penso que só na RTP. Mas não creio que possamos atingir o nível da BBC, que dispõe de recursos gigantescos.

QA - Como descreveria o papel das ONG de ambiente na mediatização das questões ambientais?

JRS - Tem sido importante, por desempenharem um papel que frequentemente contraria a versão oficial.

QA - Qual a sua opinião sobre a forma como a questão das alterações climáticas tem sido abordada pelos media portugueses, particularmente pela televisão?

JRS - Tem sido talvez um pouco pífia, mas é algo que vai mudando aos poucos.

QA - Parece-lhe que tem havido alguma evolução visível (para melhor ou para pior)?

JRS - Sim. Para melhor.

QA
- As alterações climáticas surgem hoje como um tema quotidiano. Até que ponto os meios de comunicação contribuíram para a “banalização” do tema entre os cidadãos?

JRS - Bem, não se pode acusar os meios de comunicação de darem pouco ao ambiente e, na mesma penada, acusá-los de darem muito. O tema será banalizado se a cobertura não reflectir o problema real.

QA - O José Rodrigues dos Santos alteraria a forma como as alterações climáticas são tratadas pela televisão pública nacional?

JRS
- Apenas o faria na medida em que estou especialmente informado sobre o assunto.

QA - É a primeira vez que a sua obra literária se debruça sobre questões ambientais. Porquê agora e por que razão resolveu olhar, especificamente, para a temática das alterações climáticas e da energia?

JRS
- Porque acho que são os grandes desafios imediatos à sobrevivência da nossa civilização e do nosso modo de vida. Os problemas do fim do petróleo e do aquecimento global vão-nos afectar de um modo muito profundo e é bom que as pessoas comecem a tomar consciência disso e que os políticos comecem a lidar com o problema.

QA
- Ao longo do seu novo livro “O Sétimo Selo” são muitos os dados que são apresentados. Até que ponto estes retractam a realidade e até que ponto são ficção? De que forma foi garantido o rigor científico e técnico desta obra?

JRS
- O romance teve revisão científica do professor Filipe Duarte Santos, que pertence ao painel da ONU que analisa as alterações climáticas, e do doutor Nuno Ribeiro da Silva, o maior perito português na questão energética. O que é ficcional é a narrativa, o enredo. Os dados científicos apresentados não são ficcionais.

QA - O Sétimo Selo” parece estar marcado por algumas preocupações pedagógicas na forma como se explicam determinados fenómenos ao pormenor. Esta preocupação foi consciente ou resultou do seu próprio processo de reflexão e aprendizagem?

JRS - Acho que é um pouco das duas coisas. A minha ideia é que as pessoas compreendam o problema das alterações climáticas de uma forma escorreita, através de uma narrativa de ficção que seja cativante.

QA
- Quando alguém termina a leitura desta obra, qual gostaria que fosse a “moral da história” retirada?

JRS - Talvez a de que é melhor pressionar os políticos a agir, subsidiando a investigação e a aposta em transportes de baixo consumo energético e penalizando as soluções que recorrem aos combustíveis fósseis.

QA
- Em sua opinião, os cenários mais negros em termos de alterações do clima nos próximos anos e décadas ainda podem ser evitados? Considera que a inovação tecnológica será o elemento fundamental, ou serão necessárias mudanças mais profundas ao nível dos padrões de vida?

JRS
- Este é um ponto que divide os cientistas. Muitos acham que já é tarde de mais. Mas há outros que pensam que, se agirmos imediatamente e de uma forma decisiva, ainda vamos a tempo de evitar o pior. Conhecendo a capacidade de auto-regulação do planeta, acredito que estes últimos estejam certos. Se assim for, temos de investir forte na investigação para arranjar soluções alternativas aos combustíveis fósseis, e é preciso taxar pesadamente o alto consumo de combustíveis fósseis.

QA
- No futuro, voltaremos a encontrar o Tomás de Noronha a desvendar novos enredos ligados a questões ambientais?

JRS
- Não sei. A ver vamos.

QA - Para terminar, se pudesse pedir três desejos ambientais, quais seriam?

JRS
- Comprem um híbrido, não fumem e plantem uma árvore (que não arda facilmente).

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